MADRI, 28 de mar de 2006 às 20:45
Diversas associações civis expressaram seu rechaço às declarações do Presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, durante a inauguração do Centro Andaluz de Biologia Molecular e Medicina Regenerativa (CABIMER), nas quais defendeu a pesquisa com células-tronco embrionárias e afirmou que "nada pode ser mais moral que preservar a saúde, curar a enfermidade e evitar a dor".Em Madri, o Foro Espanhol da Família (FEF) lamentou "profundamente" nesta terça-feira "a escassa capacidade de análise ética" de Zapatero ao referir-se nesta segunda-feira à pesquisa com células-tronco.
Em um comunicado, o Foro assinala que "a referência do Presidente do Governo a que a pesquisa deve ser feita ‘sem freios artificiais’, relega ao âmbito da consciência pessoal qualquer reflexão sobre o direito à vida do embrião humano, e demonstra que o Presidente do Governo não valoriza a ética nem a consciência das pessoas".
Segundo o FEF, "em todo o discurso do Presidente, evita-se toda menção a que a criação de células-tronco embrionárias exige a destruição de embriões vivos pré-existentes. Por isso, sua referência a que a pesquisa com células-tronco deve ser realizada ‘garantindo o rigor ético’ carece de toda seriedade, posto que o Presidente nem sequer considera a vida dos embriões humanos como algo a ser valorizado".
Por sua vez, o Vice-presidente do Foro, Benigno Blanco, expressou sua preocupação pela "incapacidade do Presidente do Governo para fazer um julgamento ético sério nesta questão tão relevante que afeta o direito à vida".
A referência de Zapatero a que "nada pode ser mais moral que preservar a saúde, curar a doença e evitar a dor", é de uma "simpleza e demagogia indigna de um Presidente" de um país sério para passar à opinião pública, afirmou Blanco segundo o comunicado, acrescentando que "o que se discute em matéria de células embrionárias não é se deverá preservar a saúde e curar a doença, mas se para isso é legítimo instrumentalizar até sua destruição e morte dos seres humanos em sua fase embrionária".
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Presidente demagogo
Por outro lado, mas com igual ênfase, a plataforma científica Hay Alternativas reclamou nesta segunda-feira ao Presidente do Governo "que seja rigoroso ao falar de ciência, já que na pesquisa biomédica não cabe lugar à demagogia".
Através de uma nota, a plataforma considerou que o Presidente "desfoca a realidade com suas palavras, já que uma ciência a serviço do homem nunca justificará a pesquisa com seres humanos em fase embrionária, embora isso signifique avançar na cura de outras pessoas".
Do mesmo modo, Hay alternativas lembrou que enquanto a pesquisa com células-tronco adultas está permitindo "avanços na cura de mais de cinqüenta tipos doenças", a utilização de embriões "não obteve nenhum sucesso terapêutico". Por isso, a plataforma denunciou que "justificar eticamente a manipulação embrionária acaba promovendo uma ciência a serviço das empresas e os negócios.
Por último, Hay Alternativas pediu à Prefeitura de Andaluzia pôr seus recursos sanitários a serviço dos cidadãos, "em lugar de dedicá-los a projetos de duvidoso alcance científico e alto benefício econômico para certa indústria".